
02 de junho de 2025
Enfasud: Alternativas de financiamento das atividades de fundações de apoio são debatidas
A troca de experiências sobre como encontrar formas não convencionais de financiamento das fundações de apoio às instituições de ensino superior (IEFs) são um ponto sensível para as diversas instituições que participam do 4º Encontro de Fundações de Apoio do Sudeste (Enfasud). Por isso, na tarde dessa sexta-feira (30), representantes de diversas fundações e entidades se reuniram na mesa temática “Formas alternativas de financiamento para fundações”.
Com a mediação do coordenador de Prospecção e Oportunidades da Fundep, Bruno Portella, participaram como debatedores, o diretor executivo da Fundação de Apoio Universitário (FAU/UFU), Rafael Visibelli Justino, o diretor-presidente da Fundação Arthur Bernardes (Funarbe), Rodrigo Gava e o diretor executivo da Fundepar, Carlos Lopes.
De portas abertas para a comunidade
Bruno Portella iniciou o debate destacando a importância de espaços de escuta e troca de experiências entre as fundações. “É sempre muito gratificante saber que existem caminhos inovadores possíveis”, ponderou, lembrando dos desafios impostos por normas e instrumento regulatórios rígidos do contexto das fundações.
Visibelli, apresentou o COÉ Coworking, um hub de trabalho compartilhado com foco em inovação de base tecnológica que foi desenvolvido dentro da sede física da FAU. De acordo com ele, essa criação veio da necessidade de usar um ativo, que era o espaço físico disponível, e os diversos momentos delicados que a instituição viveu nos últimos anos. “Não é apenas uma questão financeira, que também é importante, mas uma ação para posicionar a Fundação no ecossistema de empreendedorismo e inovação”, resumiu.
De acordo com ele, o coworking está com perspectivas de crescimento e dá mais resiliência a mudanças políticas e menor dependência de projetos, taxas e de recursos para despesas orçamentárias administrativas.
As particularidades do contexto
Em seguida, Rodrigo Gava apresentou o caso da Fundação Arthur Bernardes (Funarbe) e as consequências da própria história de desenvolvimento da UFV e da Funarbe. De acordo ele, a existência do “postinho” é anterior à própria fundação e já funcionava como um ponto de abastecimento para parte da população de Viçosa. Com o desenvolvimento da Universidade e da Fundação, o “postinho” foi se transformando em um supermercado ligado à universidade, que, hoje, funciona como espaço de comercialização de produtos de excelência desenvolvidos pela academia,
“Tudo que está no supermercado precisa ter o mesmo sobrenome, pois são filhos da mesma mãe: a Funarbe. Se a mãe é uma fundação, os filhos são fundacionais, ou seja, servem ao propósito de dar apoio às atividades universitárias”, destacou Gava. Ele frisa que essa atividade varejista deve estar conectada ao propósito de promover conhecimento que faça a diferença para a sociedade.
Venture capital na prática
O diretor executivo da Fundepar, Carlos Lopes, trouxe para o debate o exemplo da própria instituição e do veículo de investimentos Seed4Science, voltado para startups de base tecnológica. A Fundepar é o caso único no país, baseado em experiências internacionais de sucesso, de uma gestora de fundos e programas de investimentos criada por uma fundação de apoio à universidade.
Lopes detalhou o funcionamento dos fundos de capital de risco, que têm o objetivo de transformar investimentos feitos por cotistas em múltiplos financeiros por meio da aceleração de negócios inovadores. No caso da Fundepar, cada R$ 1 investido, em média, foi convertido em R$ 3,88 em novas rodadas de investimento e R$ 1,53 em subvenções econômicas.
“Essa é uma realidade que já está acontecendo. A Kunumi é exemplo disso”, afirmou Lopes. A Kunumi é uma spin-off da UFMG, investida da Fundepar, que foi vendida para o Grupo Bradesco, trazendo retorno financeiro para os cotistas do fundo Seed4Science, entre eles, a Fundep.
“As empresas oriundas da universidade têm um diferencial que é maior capacidade de continuar obtendo subvenções econômicas e, mesmo depois de anos, continuam trazendo retorno para a universidade, em bolsas e atividades junto à instituição”, frisou Lopes, ao destacar as vantagens para as fundações desse tipo de iniciativa.
Inovar, mantendo o DNA
Ao final, participantes do Rio Grande do Sul, do Rio de Janeiro e do Espirito Santo contribuíram para o debate, tentando entender melhor como transformar essas ideias alternativas de financiamento em realidade, dado o contexto das fundações. Dentre os destaques, os palestrantes frisaram a importância da flexibilidade para escutar novas ideias, a autonomia decisória, além da disponibilidade de recursos.
“No caso dos fundos de investimento, por exemplo, é preciso ter a tranquilidade de que esse é um segmento totalmente regulamentado. Depois que a decisão está tomada, há normas, conselhos e caminhos que nos ajudam no passo a passo da implementação”, afirmou Carlos Lopes, diretor executivo da Fundepar.
Sobre o Enfasud
O 4º Encontro de Fundações de Apoio do Sudeste (Enfasud), realizado nos dias 29 e 30 de maio, em Belo Horizonte, tem como propósito fortalecer a articulação entre as fundações de apoio das instituições de ensino e pesquisa da região Sudeste, promovendo o compartilhamento de experiências, desafios e soluções inovadoras. Com uma programação diversificada, o encontro promove palestras, mesas temáticas e espaços de networking para gestores e colaboradores das fundações.
No mesmo ano em que completa 50 anos de atuação, a Fundação de Apoio da UFMG (Fundep) assume a realização do evento, em parceria com o Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies).
Texto: Ennio Henrique Silva
Edição: Thiago Leão