02 de junho de 2025

4º Enfasud reúne 400 participantes e 62 fundações de apoio, em Belo Horizonte, com foco em soluções e troca de experiências

Aproximadamente 400 pessoas, entre representantes de 62 fundações de apoio de todo o Brasil, participaram do 4º Encontro de Fundações de Apoio do Sudeste (Enfasud), realizado pela Fundação de Apoio da UFMG (Fundep), em parceria com o Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies). O evento ocorreu nos dias 29 e 30 de maio, na Escola de Engenharia da UFMG, em Belo Horizonte, com foco na troca de experiências, no debate de desafios e na construção de soluções, por meio de 13 mesas temáticas simultâneas.

Para o presidente da Fundep, professor Jaime Arturo Ramírez, sediar a edição do evento é motivo de satisfação e representa um momento importante de fortalecimento institucional e valorização do trabalho das fundações de apoio. “Procuramos construir uma programação que abordasse temas centrais e transversais, relevantes para todas as fundações, independentemente de suas áreas de atuação. Agradeço aos presidentes das demais fundações e a todos os colaboradores que, com dedicação e parceria, contribuíram para a realização deste encontro. Esse apoio coletivo reforça a importância de caminharmos juntos, compartilhando experiências e construindo soluções para os desafios comuns que enfrentamos”, destacou.

A reitora da UFMG, professora Sandra Goulart, parabenizou a Fundep pela realização do evento e ressaltou sua importância para a UFMG e demais instituições de ciência e tecnologia. “É um momento muito especial, especialmente por celebrarmos os 50 anos da Fundep. Ao longo de cinco décadas, a Fundação tem desempenhado um papel inestimável no apoio à UFMG e às demais instituições parceiras, contribuindo para o desenvolvimento do ensino, da pesquisa, da extensão e da gestão institucional”, afirmou.

**Integração e troca de experiências ** Com uma programação diversificada, composta por 13 mesas temáticas e 39 palestrantes, o Encontro abordou assuntos de interesse geral para gestores e colaboradores das fundações, como conformidade na perspectiva dos financiadores, uso da cota de importação do CNPq, gestão de documentos, transformação digital, comunicação integrada, aplicação da norma reguladora de saúde mental e o marco legal da ciência, tecnologia e inovação.

O presidente do Confies, professor Antônio Fernando Queiroz, ressaltou que as fundações compartilham o propósito de impulsionar a pesquisa, a inovação e o desenvolvimento científico e tecnológico do país. “O Enfasud é um evento regional das instituições vinculadas ao Confies, com o objetivo de promover o compartilhamento de experiências, desafios e soluções inovadoras”, destacou.

Nauara Viana, da Fundação de Apoio Universitário (FAU), de Uberlândia, ressaltou que a programação, repleta de temáticas, cases e estratégias, contribui para ampliar o conhecimento e aprimorar os serviços. “Com certeza, vamos levar para as nossas fundações muitos aprendizados e práticas que podem melhorar o dia a dia de nossas instituições”, afirmou.

Confira alguns destaques da programação:

Perspectivas e desafios para fundações de apoio

A mesa de abertura, mediada pelo presidente da Fundep, professor Jaime Ramírez, abordou as perspectivas e os desafios das fundações de apoio. Participaram do debate representantes de diferentes regiões do país: o diretor executivo da Coppetec, professor Glaydson Ribeiro, a presidente da Fundação de Apoio em Gestão de Serviços e Projetos em Saúde da UFG, Lucilene Maria de Sousa, e o professor Antônio Queiroz, como representante da Fundação de Apoio da Universidade Federal da Bahia (Fapex).

Entre os principais pontos discutidos, destacaram-se os desafios relacionados à gestão das despesas operacionais, muitas vezes mal compreendidas pelos órgãos de controle, e a necessidade de atualização da Lei nº 8.958/1994, que prevê, entre outros avanços, o uso de recursos para custeio e pagamento de pessoal. Também foi enfatizada a importância de modernizar a legislação, ampliar o diálogo institucional, fortalecer a cultura de compliance — especialmente diante de exigências divergentes dos órgãos fiscalizadores — e reforçar a compreensão sobre o papel estratégico das fundações de apoio.

Ética, ciência e o futuro do Brasil

O ex-ministro da Educação e presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Renato Janine Ribeiro, fez a palestra de encerramento do segundo dia, trazendo reflexões sobre o papel da ética na produção científica e a urgência de políticas públicas voltadas à educação, ciência e inclusão social.

Segundo ele, a ética deve estar vinculada à ação. “A ética não pode ser apenas contemplativa. O conhecimento exige responsabilidade, exige pensar o que vamos fazer com aquilo que sabemos”, defendeu. Para Janine, o avanço científico precisa estar comprometido com causas sociais e humanitárias. “Nossa maior conquista hoje não é a energia atômica, mas o aumento da expectativa de vida, impulsionado por descobertas na saúde pública, no saneamento e nas políticas de bem-estar. Isso salva vidas”, destacou.

A palestra foi seguida de um debate com a participação da reitora da UFMG, professora Sandra Goulart, e do presidente da Fundep, professor Jaime Ramírez.

Relação entre fundações de apoio e coordenadores de projetos

Outro tema de destaque foi a relação entre as fundações de apoio e os coordenadores de projetos, com foco no atendimento de excelência. A mesa foi mediada pela diretora da Fundep, professora Elizabeth Ribeiro, e contou com a participação do professor André Ricardo Massensini, do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, do professor Paulo Roberto Gardel Kurka, da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp, e do gerente de Projetos da Fundep, Thiago Mariano.

Considerando que essa atuação envolve processos complexos, com interações entre órgãos públicos e empresas privadas, os prazos e o andamento de solicitações podem se transformar em desafios para os profissionais das fundações. Nesse contexto, os analistas são peças fundamentais no atendimento aos coordenadores e demais integrantes dos projetos, garantindo agilidade e eficiência na gestão das iniciativas financiadas.

Como as fundações de apoio operam no novo cenário da CT&I

As mudanças no marco legal da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) e seus impactos nas fundações de apoio foram tema da mesa “Mudanças Regulatórias em C&T: Estratégias para Fundações de Apoio”. O debate foi mediado pelo assessor Jurídico da Fundep, Bruno Teatini, e contou com a participação do promotor de Justiça da 1ª Provedoria de Fundações do Rio de Janeiro, José Marinho Paulo Junior, e da coordenadora Executiva do Centro de Tecnologia da Informação e Transferência de Inovação da UFMG (CTIT), Juliana Crepalde.

A discussão destacou como as mudanças regulatórias no campo da CT&I exigem uma análise criteriosa das legislações que envolvem as fundações de apoio, com foco na construção de interpretações convergentes e estratégias institucionais consistentes. O tema ainda impõe desafios históricos tanto no campo jurídico quanto na prática cotidiana das instituições.

Saúde mental e estratégias para a implementação da Lei Nº 14.831

O segundo dia do Enfasud começou com uma discussão essencial: a saúde mental no ambiente de trabalho. A mesa, mediada pela gerente de Gestão de Pessoas da Fundep, Débora Diniz Rocha, debateu os desafios e estratégias para a implementação da Lei nº 14.831/2024, conhecida como a “Lei da Saúde Mental no Trabalho”.

Participou teve como palestrante a professora Kely Paiva, diretora e pesquisadora da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG. Com vigência prevista para maio deste ano, a legislação traz novos parâmetros para a gestão de pessoas, com foco no bem-estar mental dos colaboradores, representando mais um desafio e, ao mesmo tempo, uma oportunidade de evolução para as fundações de apoio.

Giramundo leva o público a uma viagem pelo Brasil que cabe na palma da mão

Os participantes do 4º Enfasud também viveram uma experiência artística que resgata memória, afeto e educação: o espetáculo Um Baú de Fundo Fundo, do icônico Grupo Giramundo, uma das mais importantes companhias de teatro de bonecos do Brasil.

Criado em 1975 — mesmo ano da fundação da Fundep, dentro da UFMG e com seu apoio —, o espetáculo marca um período formativo decisivo para o grupo. A montagem é uma homenagem ao folclore e à cultura popular brasileira, reunindo causos, cantigas de roda, adivinhas, lendas e brincadeiras, tudo costurado com humor e lirismo pelo palhaço Libório, que enfrenta um prefeito decidido a apagar as tradições de sua cidade. A trama celebra, de forma sensível e atual, a resistência da cultura como força viva da identidade de um povo.

Acompanhe a cobertura completa

Todos os conteúdos do 4º Encontro de Fundações de Apoio do Sudeste (Enfasud) estão disponíveis no site: enfasud.com.br.

Texto: Thiago Leão